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Felicito o meu amigo Joaquim Jorge e o Clube dos Pensadores por terem criado, contra a corrente, um espaço de debate de ideias que é já uma referência. A nossa democracia precisa de menos regulamentos sobre os comportamentos individuais e de mais respiração, mais debate, mais espaço para confrontar ideias, projectos, causas.
Nos últimos tempos, têm aparecido notícias e gente a anunciar o que eu vou ou devo fazer. Sei bem que a agenda mediática tende a sobrepor-se à agenda política. Mas eu não sou pessoa para se deixar pressionar ou condicionar por agendas alheias. E tal como nunca pedi a ninguém para lutar por mim, também não vou deixar que sejam outros a pensar ou decidir em meu nome. Não sou santo milagreiro nem acredito em homens providenciais. Bato-me por ideias e convicções. Mas tenho uma aguda consciência de que, como dizia um clássico, “há limites para a intervenção consciente num processo histórico inconsciente”. O facto de ter obtido, nas condições conhecidas, mais de um milhão de votos nas últimas eleições presidenciais, não me conferiu o dom de estar sempre a conseguir o impossível, nem me constituiu na obrigação de fazer o que outros não querem ou não sabem fazer.
Venho aqui para expor alguns pontos de vista e para reflectir e conversar convosco.
1. Há trinta e tal anos Portugal era um país cercado: pela ditadura, pela guerra colonial, pelo isolamento internacional, pelas muitas formas de cadeia e censura que as pessoas traziam dentro de si. Havia quem se acomodasse e havia quem não se conformasse. Eu não me conformei.
Em 25 de Abril de 1974, a História deu uma volta em Portugal. Com altos e baixos é imenso o caminho percorrido.
Completaram-se os vários ciclos anunciados pelos três D do programa do MFA. O da democratização, iniciado com as eleições de 75 e concluído em 82, com a criação de um Tribunal Constitucional civil; o do desenvolvimento, cumprindo a transição do subdesenvolvimento até à integração europeia. E o da descolonização, que só se encerrou em 1999, com a devolução de Macau à China e com a lição de democracia dada por Timor.
Se há trinta anos nos dissessem o que iria acontecer ninguém acreditava. Também o mundo estava cercado e bloqueado pela lógica da guerra fria e do equilíbrio do terror. As tentativas de vias originais acabaram esmagadas ora pelos tanques do Pacto de Varsóvia, como em 1968, em Praga, ora pelas bombas de Pinochet inspiradas pelos americanos, como em 1971, no Chile.
Ninguém então podia imaginar que, num país como Portugal, onde o próprio CDS advogava, no seu programa, a “sociedade sem classes”, essa expressão viesse a estar completamente fora de moda e hoje seja quase uma heresia falar de esquerda e socialismo.
2. Com a queda do muro de Berlim, houve quem esperasse que tivesse chegado a hora do socialismo democrático. Mas o que chegou foi a globalização. E com ela, o capitalismo mudou de natureza, como disse recentemente o antigo ministro de Bill Clinton, Bob Reich. Eis as suas palavras: “Nós respeitávamos outrora o modelo capitalista americano pela sua capacidade para garantir um crescimento forte, alicerçado num sistema de valores. Hoje rejeitamo-lo porque ele agrava as desigualdades e aumenta a nossa precariedade. Liquida impiedosamente o cidadão que há em cada um de nós. E põe em causa a coesão e justiça social, o respeito pela empresa, a moralidade, os valores, os serviços públicos.”
3. A grande questão nas sociedades modernas foi sempre a tensão entre a garantia da igualdade de direitos e de autonomia individual, por um lado, e as inevitáveis desigualdades geradas pela dinâmica do mercado, por outro. O mercado cria riqueza, mas, por si só, não é capaz de realizar a justiça social. Havia mecanismos para temperar a lógica irracional do mercado: regulação pelo Estado, redistribuição pelo imposto, educação pública, serviços públicos de saúde e segurança social, sindicatos, contratação colectiva. O problema é que o capitalismo globalizado tende a esvaziar o papel destes mecanismos. A receita do pensamento único é por toda a parte a mesma: diminuição do papel regulador do Estado, esvaziamento dos serviços públicos, precariedade, guerra aos sindicatos. Há, por assim dizer, um cerco neo-conservador que procura evitar ou bloquear alternativas. Há quem se acomode e quem não se conforme. Eu não me conformo.
4. Na Europa, Maastricht propôs, aparentemente em pé de igualdade, a moeda única e a cidadania europeia, mas só previu prazos e sanções no que respeita à moeda. O Pacto de Estabilidade e Crescimento manteve este desequilíbrio entre uma política monetária restritiva e políticas sociais vagas. E foi neste ponto que a esquerda europeia começou a capitular. Quando devia ter defendido e revalorizado o modelo social europeu, cedeu à tentação gestionária. O cerco ideológico neo-conservador atingiu a esquerda socialista precisamente quando ela governava na maioria dos países europeus.
5. No caso português, o cerco agravou-se devido às fragilidades estruturais do país. Baixos níveis de formação, elevadas taxas de insucesso escolar, fraca cultura de inovação, pouca tecnologia incorporada, custos de energia altos. A isto acresce a deficiente competitividade do país cercado pela concorrência internacional. E também, internamente, pelos grandes interesses económicos e mediáticos.
Com honrosas excepções, o capitalismo português foi sempre, e continua a ser, como se viu recentemente no caso do BCP, um capitalismo de favor e de favores. Passa a vida a exigir menos Estado, mas vive e sobrevive à sombra e à custa do Estado, ao contrário das pequenas e médias empresas que constituem a força do tecido económico português. A tudo isto soma-se uma espécie de neo-rotativismo entre os dois partidos do chamado bloco central, cujas diferenças ideológicas, pelo menos no plano das políticas económicas e sociais, têm vindo a esbater-se. Há quem se acomode e quem não se conforme. Eu não me conformo.
6. É certo que na questão dos costumes a actual maioria socialista tem a seu favor alguns passos essenciais: intervenção voluntária da gravidez, lei da paridade, procriação medicamente assistida. A seu favor ainda o modo como foi exercida a presidência portuguesa da União Europeia, sobretudo a realização das cimeiras com o Brasil e com África, que vieram confirmar o que tenho dito: pela sua história e pela língua portuguesa, Portugal, sendo um pequeno país, pode ser um actor global.
Poder-se-á dizer que o executivo tem a seu favor, também, a redução do défice das contas públicas. É um facto, ainda que a redução do défice não possa ser vista como um fim em si mesmo, antes deva ser encarada como um meio para promover o crescimento económico e resolver os outros grandes défices nacionais: o défice social, o défice da educação, o défice cultural e ambiental, o défice do emprego e, sobretudo, o terrível défice das desigualdades.
7. O desemprego não pára de aumentar. Somos já o quinto país da União Europeia com maior taxa de desemprego. De que serve termos um défice de 3 por cento se continuamos a ser um dos países mais pobres da Europa e o mais desigual a distribuir a sua riqueza? Cerca de dois milhões de portugueses, praticamente um em cada cinco, têm rendimentos abaixo do limiar de pobreza.
Uma constatação se impõe: apesar do desenvolvimento registado nos últimos anos, apesar do défice controlado, apesar das ajudas comunitárias, apesar dos milhões de euros dos lucros dos bancos, a pobreza persiste. Segundo o INE, cerca de 40 por cento da população portuguesa vive numa situação de risco de pobreza antes das transferências sociais. Houve algumas medidas positivas, como o complemento social para idosos. Houve igualmente uma proposta de diminuição de 5 por cento do IRC para as empresas do interior. Mas houve também o encerramento de serviços públicos nas áreas da educação e da saúde que deixaram nas populações um sentimento de abandono e desprotecção. Apesar de alguns passos, o problema estrutural da pobreza está por resolver. Há quem se conforme e quem não se conforme. Eu não me conformo.
8. Criou-se a ideia de que era preciso sacrificar interesses egoístas e corporativos em benefício do bem comum e que o objectivo das reformas é o de garantir a sustentabilidade do Estado social. Criou-se também a ideia de um excessivo peso de Estado, esquecendo-se o facto de o sector público ser um dos mais magros da União Europeia quanto ao volume de assalariados. O que é que aconteceu na prática? O nivelamento por baixo do funcionalismo público, a contenção salarial, a perda continuada do poder de compra, o bloqueio das carreiras, a drenagem de recursos, o desmembramento de serviços e a sua crescente privatização, como se a gestão privada fosse necessariamente sinónimo de boa gestão.
O caso mais grave, para mim e muitos portugueses, é o da política de saúde. Em nome da sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde, além das taxas moderadoras para cirurgias e internamentos, têm vindo a ser aplicadas medidas incompreensíveis que de facto se traduzem pelo esvaziamento desta importantíssima conquista social da democracia portuguesa, que é também uma bandeira do Partido Socialista. As pessoas sentem-se aflitas, desprotegidas e abandonadas.
Defender o Estado social não é enfraquecer os serviços públicos nem fazer com que as reformas os tornem mais caros para quem tem menos. Não é fazer recuar o público e avançar o privado. Assim como defender a escola pública não é admitir que possam concorrer ao cargo de director professores do ensino privado, num primeiro e grave sinal, na educação, de promiscuidade entre o público e o privado.
9. Sei que a globalização, com as suas mutações económicas, sociais e tecnológicas, torna cada vez mais difícil aplicar receitas tradicionais aos novos problemas. A demografia alterou-se, criando uma nova proporção entre idosos e jovens. Estes novos dados desafiam o modelo social europeu. A redistribuição de recursos através da reforma fiscal não é fácil, porque o capitalismo financeiro tem muitas formas de promover a evasão fiscal. Enfrentar os novos poderes transnacionais, globais e, às vezes, mafiosos, é complicado. Entregues a si próprios, os mercados financeiros não tendem para o equilíbrio, como acreditam os fundamentalistas de mercado, mas sim para extremos de euforia e depressão, como escreveu George Soros. As próprias autoridades reguladoras, que deviam limitar estes excessos, perante produtos financeiros cada vez mais sofisticados foram abdicando das suas responsabilidades e afrouxaram a regulação. Pela primeira vez nos últimos sessenta anos, a Reserva Federal americana pode não estar em condições de evitar a recessão, com reflexos mundiais.
Por outro lado, a difusão do pensamento neo-liberal, com a sua permanente campanha contra o Estado e os serviços públicos, faz com que o cerco seja, não apenas económico e financeiro, mas também ideológico e político. Há quem se conforme e quem não se conforme. Eu não me conformo.
10. É neste quadro que se insere a crise do sistema político e da democracia representativa. Crise que se manifesta em três planos distintos:
- na representação política, porque há alternância mas não há alternativa ( é aquilo a que Pascal Bruckner chamou a “melancolia democrática” );
- na atitude dos eleitores, que se traduz tanto no abstencionismo como em novas formas de intervenção, através de movimentos de cidadãos, como nas últimas eleições presidenciais e nas eleições intercalares de Lisboa;
- no vínculo social e político, com o endeusamento do individualismo e a fractura social provocada por novas e velhas exclusões.
11. O meu camarada Elísio Estanque sublinhou recentemente que “a promessa de «socialismo moderno» está a virar uma espécie de «a-socialismo pré-moderno»
Não é este o papel da esquerda moderna. Será que não há alternativas e que aqui, como no resto da Europa, estamos condenados às mesmas políticas de sentido único? Eu penso que há sempre alternativas. E que o papel dos socialistas, desde o princípio, em todas as circunstâncias históricas, foi sempre o de criar e inventar alternativas. Como disse o prémio Nobel de Literatura Octávio Paz – “Faliram as respostas históricas à pergunta formulada pelos primeiros socialistas sobre a injustiça inerente ao capitalismo. Mas a pergunta permanece.”
Há quem tenha deixado de formular a pergunta. Eu penso que o dever dos socialistas é o de continuar a perguntar e a procurar novas respostas.
12. A diluição ideológica faz com que os partidos políticos tendam a deixar de ser reconhecidos com uma identidade própria e a converter-se em simples gestores do poder possível. A melhor qualidade da democracia implica reformas no sistema político, com vista à sua transparência e à aproximação entre eleitores e eleitos. Essa reforma passa por dentro dos partidos, que têm de ser devolvidos à sua autonomia própria. Nem governamentalização dos partidos pelo poder, nem partidarização do Estado pelos partidos.
A reforma passa também pela compreensão do actual papel dos media. Não há espaço público nos dias de hoje sem os media. É essencial preservar a sua autonomia e independência face aos poderes económicos e políticos, bem como o respeito pela deontologia profissional.
Só sairemos da “melancolia democrática” se formos capazes de pensar e lançar as bases de respostas alternativas às políticas do pensamento único. A democracia tem de romper o cerco. A começar pelo cerco que está dentro das pessoas. O neo-liberalismo globalizado e as formas de poder económico e mediático que ele sustenta não são o fim da história.
Há tempos disse que havia um buraco negro na esquerda. Creio que começa a haver bloqueios na própria democracia, porque esta não supõe apenas alternância, precisa também de alternativas.
É preciso mais esquerda na esquerda.
É preciso mais socialismo no partido que dele se reclama.
É preciso mais democracia na democracia.
“De todos os pintores do Porto do século XX,
António Cruz foi decerto aquele que melhor
soube entender a alma da cidade.”
Bernardo Pinto de Almeida
A Cooperativa Árvore tem vindo a homenagear o pintor António Cruz, no centenário do seu nascimento, nomeadamente, através da exposição de trabalhos seus (pintura e escultura)patente no Museu Nacional Soares dos Reis. António Cruz (1907-1983), nasceu no Porto e é, justamente, considerado o melhor aguarelista da cidade. A exposição encerra já no próximo dia 31 de Janeiro. Fui lá esta manhã e confesso que fiquei tocada pela sua sensibilidade e maestria. Um portuense que honra a cidade do Porto e cuja obra merece o carinho e o apreço de todos os portugueses.
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Adoro o nevoeiro. Das quatro estações do ano, a que mais me fala, a que me dá vida interior, um entusiasmo pela vida é o Inverno. [...] O Inverno é a minha estação. É no Inverno que eu sinto a minha felicidade. A humidade no reboco das construções exacerba as cores. Esse rosa-venise, o ocre dourado e todas as cores, até o branco, ganham esta patine, está aqui, está a ver esta parede, isto é uma pintura, é um quadro, nem precisa de moldura...
[...] É nos dias de Inverno em que há aquelas brumas sobre o Douro, a desfazer-se de manhã, a levantar-se, e começam a aparecer, a surgir uns pedaços da cidade do Porto, aquela Sé, aquela acrópole da Sé e o Paço Episcopal, a Vitória e aquela freguesia de Miragaia, em frente à Alfândega, aquilo é muito belo.
António Cruz |
Debate "Sistema Político: alternâncias e alternativas" Dia 28, Hotel Holiday Inn, em Gaia, pelas 21h30 Convidado especial: MANUEL ALEGRE (fundador do PS e vice-presidente da A.R.) Convidado permanente: JOAQUIM JORGE (biólogo e fundador do clube) Convidado específico: PEDRO LARANJEIRA (jornalista e director da revista Perspectiva) Convidado da sociedade civil: MARIA LEONOR SILVA (jornalista e directora do " Comércio de Gaia") |
Não consegue parar: tem medo da rotina
Recuperou um velho convento em ruínas
Prefere a utopia ao profissionalismo
Transforma fábrica de chapéus em Fundação
Nasceu em Luanda mas quer morrer no Porto
Gosta muito de pedras. Ainda gosta mais de pessoas |
José Rodrigues
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José Rodrigues nasceu em Luanda, em 1936. Veio para o Porto, onde se formou em escultura pela Escola Superior de Belas-Artes, na qual foi depois professor.
É figura proeminente da arte contemporânea portuguesa e, por isso, não precisa de apresentações.
É do domínio público que é o autor do famoso "Cubo" da Praça da Ribeira, no Porto, do "Cervo" e de "Força", em Vila Nova de Cerveira; que é escultor, pintor, desenhador, encenador; que é reconhecido e premiado em Portugal e no estrangeiro; que foi condecorado, em 1994, com o grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
Obra feita e apreciada... ninguém duvida.
Para mim, no entanto, o fascínio deste homem reside na capacidade que tem de se apaixonar por sítios, edifícios e projectos, que executa com entusiasmo "contra ventos e marés".
Foi fundador e presidente da Cooperativa Árvore, no Porto (através da qual nasceu o Curso Superior de Arquitectura) e da Escola de Artes Profissionais Árvore.
Participou na criação da Bienal de Arte de Cerveira e aí fundou, também, a Escola de Artes e Ofícios e a Escola Superior de Arquitectura.
Por esse país fora, de Paços de Ferreira a Alfândega da Fé, de onde é originária a sua família, esteve envolvido nos mais variados projectos.
Dois deles são verdadeiramente extraordinários e merecem, por isso, a minha maior admiração.
O José Rodrigues, penso que em 1974, apaixonou-se por um velho convento do séc. XIV, que se encontrava em ruínas, o Convento de S. Paio, na Serra da Gávea, em Vila Nova de Cerveira. Comprou-o e restaurou-o, com a ajuda daqueles a quem chama seus irmãos e com quem criou uma Associação Cultural. Aí vive, há anos, o escritor Luandino Vieira. Aí fixou residência o escultor até que novo projecto o trouxe, de novo, para o Porto.
Dê um salto ao meu blogue SOL POENTE
http://snmatias.blogspot.pt/2008/01/outra-forma-de-viver.html
onde a história deste projecto está mais desenvolvida.
Dizia eu que José Rodrigues regressou ao Porto para transformar uma antiga fábrica de chapéus, onde parece que já tinha o seu atelier e que comprou, na Fundação José Rodrigues.
A Fábrica Social/Fundação José Rodrigues pretende ser uma fonte de criação, disposta a apoiar os artistas mais jovens.
Terá vários ateliers, residências, auditório com capacidade para mais de cem pessoas [para concertos, teatro e exposições], arquivo documental, salas de exposições permanentes e rotativas [não só para obras próprias e da sua colecção (de Almada Negreiros, Júlio Resende, Graça Morais, Mário Eloy e Júlio Pomar, entre outros), mas também de outros, como a colecção de Pádua Ramos e, principalmente de novos artistas], espaços para convívio e para realização de tertúlias de reflexão, com bar.
O principal objectivo para este espaço, segundo o escultor, é fazer convergir diferentes formas de pensamento e de arte, porque sem diversidade não há cultura.
Grande obra esta, que merece ser apoiada pelos portuenses. O escultor José Rodrigues é uma figura importante da cidade do Porto, que adoptou como sua.
Está prevista, para o mês de Fevereiro, a abertura deste espaço. É fácil lá chegar. Descendo a Rua do Bonjardim, vira-se na Rua das Musas à esquerda. É uma subida íngreme, só para peões. É na segunda rua à esquerda e chama-se, claro, Rua da Fábrica Social. Este portão é lá no fundo da rua, que não tem saída.
Não se amedronte! As ruas são acidentadas, mas as distâncias curtas.
Porque nem na morte vou perder o meu sentido de humor
nem a minha ironia.
MIOPIA Sempre que vejo o que os meus olhos não queriam ver (mas que sabem ser verdade) É sempre este doer. Como se a minha sensibilidade estivesse toda no olhar e ver. Como se a minha revelação apenas viesse inteira, para além da fronteira do que os meus olhos dão. Sempre que vejo... Porque me dói assim? Porque se desprende em mim essa mágoa-essência de surpresa retardada? A minha consciência está míope e cansada. |
Fernanda Botelho nasceu no Porto, em 1926, filha de uma família aristocrática com dum sentido de austeridade com o qual iria romper. Quis entrar em Direito, mas tal foi-lhe proibido pela mãe, que conseguiu levá-la a um "curso de mulheres", em Coimbra. Depois de ter iniciado os estudos, considerou que o meio coimbrão era demasiado conservador e muda-se para Lisboa, onde terminou o curso de Filologia Clássica. Ficcionista, tradutora e poetisa foi, nos anos 50, co-fundadora da revista Távola Redonda, onde publicou as suas primeiras poesias. | Fernanda Botelho morreu, no passado dia 11 de Dezembro, aos 81 1nos
Assustador é o sofrimento, não a morte.
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Vá espreitar o blogue LUAR DE JANEIRO e leia o início de "Dramaticamente Vestida de Negro" desta autora portuense(http://luardejaneiro.blogs.sapo.pt) |