25 de Abril
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Peço, de empréstimo, o título a Lobo Antunes, que me surgiu, de repente, perante a sensação de que tudo aquilo que amamos, na cidade e no país, está entregue a gente capaz de tudo pelo "vil metal".
Não se respeita as memórias, as vivências, os afectos, das pessoas que fizeram o Porto, ao longo de gerações, pondo nesse empresa o seu amor à cidade e a sua vida. É como se partíssemos do nada... Será que os políticos não sabem História? Será que não se apercebem de que somos o resultado da acção dos homens que nos precederam e que, destruindo esse passado, nos estão destruindo a todos?
Os portuenses têm de se levantar contra os "tiranetes" incultos, impreparados e sem consciência do que fazem, a quem incautamente "deram o poder".
A democracia não se esgota no voto, obriga-nos a estar atentos e a uma atitude de exigência face aos poderes instituídos. De outro modo, limitámo-nos a "passar cheques em branco". É isso que queremos?
Não é o Bolhão de sempre, comerciantes de pregão em riste, piada solta na ponta da língua. A visita pascal conduzida pelo pároco de Santo Ildefonso, acompanhado de um grupo de acólitos, ontem, ao início da tarde, impôs outra solenidade ao mercado do Porto. Colchas acetinadas nas varandas, bordados em toalhas de linho a debruar as bancadas de mercadoria, ramos de alecrim "para dar sorte", pratos de amêndoas para debicar e, no chão, circuitos de pétalas de flores coloridas. Poderá a fé salvar os comerciantes do Bolhão, travando a corrida para a transformação do espaço tradicional em centro comercial? Não é a fé que nos salva; são as ideias. E a nossa ideia é ter obras. Só que não são obras para fazer um centro comercial. Laura Gonçalves Mas já não é o que era. Antigamente, a entrada estava repleta de flores, as pessoas vinham de propósito. Hoje, está parado, mas ainda há-de ser bom outra vez. Natalina Lapa [Declarações de vendedeiras, aquando da visita pascal], in Jornal de Notícias de 26 de Março de 2008
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