Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Amar o PORTO +

"Não há futuro sem memória. Sem enraizamento e sem memória, os povos, como os homens, são apenas náufragos." Manuel António Pina

Amar o PORTO +

"Não há futuro sem memória. Sem enraizamento e sem memória, os povos, como os homens, são apenas náufragos." Manuel António Pina

A NOSSA SERÁ A TUA VOZ

23.02.08, amaroporto2

 

 

Nascido em 2 de Agosto de 1929, morreu em 23 de Fevereiro de 1987.

O Porto evoca os 21 anos da morte do cantor em 2 locais:

 

Círculo Literário do Porto (Rua Nova da Alfândega, 22)

 

Café Pedra Nova (Rua D. João IV)

 

Promovidos pela Associação José Afonso (Núcleo do Norte), às 22 horas.

 

 

 

 

BALADA DO OUTONO
 
 
Águas
E pedras do rio
Meu sono vazio
Não vão
Acordar
Águas
Das fontes
calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar
Rios que vão dar ao mar
Deixem meus olhos secar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar
Águas
Do rio correndo
Poentes morrendo
P'ras bandas do mar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar
Rios que vão dar ao mar
Deixem meus olhos secar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar
Nós cantaremos por ti, AMIGO!

Leituras na LEITURA

22.02.08, amaroporto2

 

 

Não gosto muito de Centros Comerciais, não só porque lhe chamam Shoppings, mas também porque têm gente a mais e ar a menos.

No entanto, quase aqui ao pé de casa, na zona da Rotunda da Boavista, fica o Centro Comercial Cidade do Porto, mais pequeno e com menos gente, aonde gosto de ir ao Cinema; às vezes, comer ao Chiado e, agora, passar um bocado agradável, rodeada de livros, na LEITURA, books & living. Só não gosto do "books & living". Estamos em Portugal, porra!!! E a velha LEITURA da Rua de Ceuta, referência importante da cidade, não precisa destes modernismos.

 

 

 

Calmamente sentada, a tomar um chá de jasmim, posso ver com vagar as muitas obras, de grande qualidade, que têm sobre a cidade do Porto; escolher um livro, ou um CD, para comprar ou ler um jornal. Tem espaços para as crianças, com mobiliário adequado.

Vale a pena ir até lá, se gostam de livros, claro!

 

 

Uma das iniciativas deste espaço, é o chamado CLube de Leitores que  realiza, na terceira quarta-feira de cada mês, sessões para análise de obras previamente escolhidas  e com a presença de um comentador especializado. No passado dia 20, foi a vez de "Magalhães, o homem e o seu feito", de Stefan Zweig. O comentador foi Gonçalo Cadilhe que "seguiu os passos de Magalhães", numa viagem que inspirou um livro e um programa na RTP2, em preparação.

Uma boa maneira de passar uma noite, uma vez por mês.

 

Faces diferentes da minha cidade

09.02.08, amaroporto2

 

Quinta-feira, Fevereiro 07, 2008

Porto.

Maria,

Céu aberto a um azul tão longo que se misturava com o de águas já turvas e as gaivotas em terra. Como estátuas, Pena Ventosa acima - que tormenta as perseguia? E porque se encarniçavam naquela invocação feroz do meu olhar? Maria, montavam guarda. Não viradas para fora da cidade, mas para dentro; não receosas da ira da Natureza, mas compungidas pelo desleixo dos homens. Cada uma velava, acusadora, um telhado desfeito do meu Porto. E são tantos...:(. Clandestinos; escarranchados sobre águas-furtadas que apenas adivinhávamos quando íamos pelas ruelas ao Domingo de manhã; margens feridas do céu que espreitava para lá da roupa a secar; cascos esventrados fugidos para os mastros de navio macambúzio em doca seca; cicatrizes que já nem recordam o sangue esvaído. Subi a um terraço da Rua das Flores, Maria, e vi cascata em ruínas jorrar de uma Sé lívida de asco, vergonha e espera inúteis. E as lágrimas que me turvaram os olhos serviram de tiro de partida ao voo das gaivotas. Que não as confundiram com promessa de chuva, mas tomaram como testemunhas de que eu percebera - a tempestade em terra não abrandará com uma simples mudança de vento...

Foi este texto publicado, por Júlio Machado Vaz, no seu blogue "Murcon", que me sugeriu a utilização de algumas das fotografias que vou tirando, nas minhas deambulações pela cidade.

Atrevo-me a transcrever o texto, que acho belíssimo, para ilustrar duas situações diametralmente opostas na forma de tratar os edifícios. E temos tantos (E tão bonitos!!!) no Porto.

 

    

 

 

 

  

 

 

 

     

 

 

      

 

 

Dois edifícios da mesma rua. Dois edifícios bonitos, apesar de não tão antigos como os da  zona histórica. Um bem cuidado; o outro, apesar de ainda não totalmente degradado, já não tem a maior parte das vidraças, a cortina já esvoaça por fora da janela. Se não me engano, ainda há pouco tempo lá funcionava uma casa de decoração, e creio que até de obras de arte, bastante luxuoso.

O que dói é verificar que as casas e as fábricas (como as da Rua do Freixo) são simplesmente abandonadas. Não haverá nenhuma serventia para uma boa casa onde deixou de funcionar qualquer empresa ou cujos moradores se mudaram?

Que mundo é este afinal? Parece que a destruição é o objectivo principal desta sociedade ao contrário que nos coube. 

E o nosso Porto é tão lindo! Quando vou para a rua e levo a máquina fotográfica, páro, constantemente, presa da beleza de qualquer pormenor. E penso... O cuidado que se punha na construção duma casa... Era, no fundo, a realização dum sonho do seu proprietário. Repare-se, por exemplo, nas andorinhas em azulejo da casa amarela. Alguém pensou naquilo com carinho.

Hoje vivemos em caixotes todos iguais. As cidades, como os homens, estão a perder a sua alma.

Teatro da Serra do Montemuro no Porto

04.02.08, amaroporto2

 

Por sugestão duma pessoa amiga, desloquei-me ao Teatro Sá da Bandeira, no passado dia 26 de Janeiro, para assistir à representação de “AMOR”, pelo Teatro Regional da Serra do Montemuro.
Fui agradavelmente surpreendida pela qualidade deste grupo. Num estilo rural e contra a corrente, contou uma história comovente de vários amores, num tom tranquilo e sereno, que me descansou do “ruído” do meu quotidiano citadino.
A melhor homenagem que posso prestar-lhes é divulgar a sua génese e os objectivos que perseguem.
 
 
O Teatro Regional da Serra de Montemuro nasceu em 1990, produto do encontro entre artistas locais, nacionais e internacionais, na pequena aldeia de Campo Benfeito, alto da Serra de Montemuro.
Uma das características principais da companhia em termos artísticos é a sua forte aposta na criação de textos originais, inspirados no mundo à sua volta. As peças são concebidas num processo colectivo que une actores, escritores, encenadores, cenógrafos e compositores na criação destes espectáculos.
O teatro do TRSM inspira-se na cultura popular, desde as máscaras de Lazarim até aos Santos Populares, Lendas, e do cinema mudo até ao Fado, sem nunca criar espectáculos “fáceis” ou condescendentes.
É um teatro contemporâneo, com as suas raízes fortemente assumidas no meio rural e com a sua actividade em todo o território nacional e cada vez mais no palco Europeu.
O que mais distingue o Teatro do Montemuro em termos artísticos é a entrega e energia dos seus actores.
O seu estilo de representação é física e emocionalmente desgastante para os actores que impressionam pela sua união em palco, pela sua capacidade de desdobramento de personagens e pela sua forte presença.
Objectivos
Criar teatro do meio rural, no meio rural e para o meio rural. Celebrar e promover a cultura rural como componente fundamental da cultura nacional e como parceiro da cultura urbana.
Criar novos públicos, nomeadamente no meio rural e junto das comunidades mais distanciadas do teatro quer por motivos geográficos, sociais, culturais e económicos.
Inovar a nível cénico e desenvolver uma linguagem contemporânea, de novas obras teatrais e de métodos de formação específicos à realidade do meio rural Português no século XXI.
Promover o entendimento, a empatia e a boa imagem das duas partes da comunidade do Montemuro, ou seja, os residentes permanentes e os ocasionais (ex.: emigrantes).
Sensibilizar o poder e as instituições locais e regionais, nomeadamente as autarquias da zona de intervenção do TRSM, no sentido da valorização do teatro em particular e das actividades culturais em geral.
Criar, manter e desenvolver estruturas sustentáveis de criação, administração e gestão que permitam um crescimento natural.

 

 

O Teatro de Montemuro realiza, todos os anos em Agosto, o Festival Altitudes, que este ano (2008) acontecerá entre os dias 9 e 17. Talvez valha a pena ir até lá. Experimente!
Deixo também os contactos:
TEATRO DO MONTEMURO
Travessa Principal, nº 1
Campo Benfeito
3600-371 GOSENDE
Telefone: 254 689 352
Fax: 254 689 488
 montemuro@mail.telepac.pt          
*****************************************************
 
P.S. Fiquei triste pelo estado em que está o edifício do Teatro Sá da Bandeira. O seu interior é muito bonito, o Teatro tem uma história rica, como é visível pelos inúmeros vestígios, lá expostos, de grandes êxitos do passado. Não posso dizer que esteja completamente degradado, mas vi pedaços do damasco que cobre as paredes descolados, o tecto não me pareceu em muito bom estado e senti um certo cheiro a velho. Não sei quem são os proprietários, mas penso que é mais fácil conservar do que refazer depois as ruínas. E se apostarem em espectáculos de qualidade, os portuenses estarão presentes. Começo a ver os “tripeiros”  a mexer, a defender o seu património. Só que não basta abaixo-assinados, depois. É necessário contribuir para o sucesso dos empreendimentos, antes. Será assim tão difícil deixar o sofá ou o Centro Comercial?