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Amar o PORTO +

"Não há futuro sem memória. Sem enraizamento e sem memória, os povos, como os homens, são apenas náufragos." Manuel António Pina

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"Não há futuro sem memória. Sem enraizamento e sem memória, os povos, como os homens, são apenas náufragos." Manuel António Pina

PARAR PARA PENSAR

27.05.08, amaroporto2

PORTO. Rua do Freixo

  

A verdade é que o que se conhece das revisões de planos directores municipais, nomeadamente na Área Metropolitana do Porto, não é muito animador.
Previsão de áreas para construção em "alta"! Mesmo com o mercado deprimido e milhares de casa vazias. Mesmo com a proclamada prioridade que é preciso conferir à reconstrução/reabilitação do edificado.
Parece uma pulsão irracional, um impulso para seguir sempre em frente
contra toda a lógica.
Não seria melhor reflectir sobre o modelo de crescimento urbano que temos tido? Parar para pensar?
O que deve ser feito, passa por planeamento intermunicipal e por uma nova forma de encarar o território, a qualidade de vida, a energia e a mobilidade, o bem-estar social e a sustentabilidade. E não esquecer que todos estes factores se relacionam intimamente!
Preocupante não é tanto a imagem da indústria de construção. Preocupante é a imagem (a realidade) do país, da paisagem, das cidades, e a forma como se vai degradando a vida quotidiana das pessoas.
Bernardino Soares, Jornal de Notícias [27.05.2008]

O GENERAL SEM MEDO

18.05.08, amaroporto2

 

  

O meu coração ficará no Porto.

 

Humberto Delgado

14 de Maio de 1958

 

 

 

Humberto Delgado, o homem que ousou fazer frente ao ditador Salazar, e que pagou com a vida a ousadia, tem, desde o dia 14, uma estátua na Praça de Carlos Alberto.

A estátua, da autoria do escultor José Rodrigues, destina-se a assinalar os 50 anos da deslocação do general ao Porto, aquando da sua candidatura à Presidência da República, em 1958, em que foi recebido (e levado em ombros) por milhares de pessoas que o aclamavam, desde a Estação de S. Bento até à sede da sua candidatura na Praça de Carlos Alberto.

 

Para que nunca se esqueça, os versos do Manuel Alegre:

 

Mesmo na noite mais triste

Em tempos de servidão

Há sempre alguém que resiste

Há sempre alguém que diz: NÃO! 

 

UMA MULHER DO NORTE

13.05.08, amaroporto2

 

Campeã do Mundo e da Europa de Triatlo,

Vanessa Fernandes é o orgulho de todos nós:

esforçada, humilde, apaixonada pelo que faz e por Portugal.

É, acima de tudo, o exemplo de que precisamos para sair do marasmo e começarmos a gostar de nós.

"A BRASILEIRA" em risco de fechar

02.05.08, amaroporto2

O edifício foi comprado, ao BPI, em hasta pública pelo empresário António Costa, que o arrendou ao “Caffé di Roma” (na esquina com a Rua do Bonjardim) e a Jorge Rocha que, em Dezembro de 2003, reabriu “A Brasileira”, salvando o lindíssimo edifício da degradação a que esteve exposto durante uma década de abandono.
Parece que o proprietário deixou de pagar ao banco e este pretende encerrar os estabelecimentos.
Se o encerramento se verificar, para além de todos os outros prejuízos, perdem os seus postos de trabalho mais de vinte pessoas. E o que acontecerá ao edifício tão emblemático e importante na história da cidade do Porto?
Seria bom que o BPI não se apressasse e procurasse encontrar uma solução que não passe só pelo mero lucro e tenha em conta a preservação do património da cidade. Há soluções para tudo. É preciso é vontade para as encontrar.
  

 

Machadada no património  
A notícia de que “A Brasileira” corre o risco de desaparecer, a concretizar-se, será mais uma machadada no já tão depauperado património histórico do Porto. Não é possível dissociar a história do antigo café da baixa portuense, da vida cultural, cívica e política da própria cidade, dos últimos cem anos.
Adriano Teles, antigo farmacêutico da Rua do Bonjardim que, em Minas Gerais, no Brasil, para onde emigrou nos finais do século XIX, se dedicou ao negócio do café, fundou “A Brasileira” em 1903, no regresso ao Porto, com o objectivo de criar e difundir uma marca própria de café. O acto inaugural do novo estabelecimento constituiu um acontecimento social sem precedentes na cidade. Foi de tal modo elevado o número de pessoas presentes que, contam as notícias da época, houve necessidade de requisitar dois polícias para regularem o trânsito que se tornara caótico. Logo após a inauguração, e durante 13 anos consecutivos, com o intuito de difundir a nova marca, foi servido gratuitamente café à chávena aos balcões de “A Brasileira”. A pouco e pouco, o novo estabelecimento foi-se impondo no mercado, ao mesmo tempo que as suas salas se iam transformando em ponto de encontro de tertúlias culturais – das mais animadas da baixa portuense. O edifício actual é dos anos 30. Foi desenhado  pelo arquitecto Januário Godinho e decorado com esculturas de Henrique Moreira, espelhos franceses de Max Igram e decorações de alabastros de Vimioso. Inaugurou-se em Março de 1938. Com o título de “A Brasileira”, a firma proprietária do café publicou, desde praticamente o início a até aos anos 40, um quinzenário. Nas décadas de 50 e 60, era um lugar onde se reunia a nata dos literatos, jornalistas, políticos e gente do Teatro. Com uma curiosidade: os homens da Esquerda sentavam-se ao lado direito; e os da Direita ocupavam as mesas dispostas no lado esquerdo.
Que pena que um lugar com tanta história possa vir a desaparecer!

Germano Silva