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Amar o PORTO +

"Não há futuro sem memória. Sem enraizamento e sem memória, os povos, como os homens, são apenas náufragos." Manuel António Pina

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A HISTÓRIA E O VALOR DO CEMITÉRIO DA LAPA

13.08.16, amaroporto2

1.Cemitério da Lapa.JPG

Em 1833, o dramático Cerco do Porto e a subsequente epidemia de cólera rapidamente lotaram os locais ancestrais de enterramento, situados no interior das igrejas portuenses.

5.Cemitério da Lapa.JPGPerante este cenário, a Mesa da Irmandade de Nossa Senhora da Lapa pediu a D. Pedro IV que autorizasse a construção de um cemitério privativo exterior à sua igreja.
Não se pretendia um mero terreno temporário para sepulturas: todo o processo indicia que, já em 1833, a Irmandade da Lapa pretendia um cemitério convenientemente murado, enobrecido com portal, com locais próprios para construção de monumentos. Por isso, pode considerar-se o Cemitério da Lapa como o mais antigo cemitério romântico criado em Portugal, mesmo não sendo público. A sua criação oficial foi, aliás, anterior ao decreto de 1835, que instituiu os cemitérios públicos. Porém, como situação de transição, foi necessário construir um cemitério interino, por detrás da capela-mor da Igreja da Lapa.

2.Cemitério da Lapa.JPG

O Cemitério da Lapa propriamente dito, só foi oficialmente benzido no Verão de 1838.
Os cemitérios românticos foram concebidos como espaços arruados e ajardinados, com belos monumentos (derradeiros símbolos de saudade dos entes queridos), locais de meditação na fugacidade da vida, dentro da mentalidade de então.
Actualmente, os mais importantes cemitérios europeus do século XIX são encarados como museus. De facto, nestas “cidades dos mortos” em miniatura, os vários monumentos espelham, não só um passado de memórias familiares, como também o desejo de ostentação, as mentalidades e os símbolos de toda uma época.
Por outro lado, estas “galerias de ilustres”, são também repositórios de algumas das melhores obras de arte do período romântico, sobretudo em arquitectura, escultura e artes aplicadas (ferro e cerâmica).

 

 O Cemitério da Lapa é o mais importante “museu da morte” do Norte de Portugal.
Aqui foram erigidos alguns dos primeiros monumentos funerários românticos de Portugal, a partir de 1839.
Durante décadas, estes monumentos –os mais faustosos da cidade do Porto- foram fonte de inspiração para todos os outros cemitérios do Norte do país.
De facto, a Lapa era o cemitério da elite portuense.
Porém, foi tal a quantidade de notáveis que ali pretendiam ter um jazigo próprio que o cemitério se tornou, rapidamente, demasiado pequeno.

4.Cemitério da Lapa.JPG

 O primitivo cemitério, que correspondia às actuais secções de 1 a 8 e à secção lateral Poente das capelas monumentais, foi ampliado apenas duas décadas depois de ter sido aberto! Foi construída uma outra secção lateral para as capelas monumentais, a Nascente, bem como uma nova divisão, a cota mais elevada (a divisão 2, dividida nas secções 11 e 12).
Mas, mesmo assim, em poucos anos estas novas secções ficaram preenchidas de monumentos.
Duas décadas depois, novamente necessário alargar o Cemitério da Lapa, para Sul (as actuais secções 9 e 10) e para Poente (a divisão 3).
Em 1874, foram dadas como concluídas estas obras de ampliação e colocada a cruz que se encontra ao cimo da escadaria da entrada. A partir de então, o cemitério não pôde ser mais alargado: todo o terreno disponível da cerca da Lapa já tinha sido ocupado e esta estava encravada num pequeno quarteirão.

3.Cemitério da Lapa.JPG