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Amar o PORTO +

"Não há futuro sem memória. Sem enraizamento e sem memória, os povos, como os homens, são apenas náufragos." Manuel António Pina

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"Não há futuro sem memória. Sem enraizamento e sem memória, os povos, como os homens, são apenas náufragos." Manuel António Pina

SAUDADES DE ADRIANO

16.10.07, amaroporto2

 

 

Canção com lágrimas
 
Eu canto para ti um mês de giestas
Um mês de morte e crescimento ó meu amigo
Como cristal partindo-se plangente
No fundo da memória perturbada.
 
Eu canto para ti um mês onde começa a mágoa
E um coração poisado sobre a tua ausência
Eu canto um mês com lágrimas e sol o grave mês
Em que os mortos amados batem à porta do poema.
 
Porque tu me disseste: quem me dera em Lisboa
Quem me dera em Maio. Depois morreste
Com Lisboa tão longe ó meu irmão tão breve
Que nunca mais acenderás no meu o teu cigarro.
 
Eu canto para ti Lisboa à tua espera
Teu nome escrito com ternura sobre as águas
E o teu retrato em cada rua onde não passas
Trazendo no sorriso a flor do mês de Maio
 
Porque tu me disseste: quem me dera em Maio
Porque te vi morrer eu canto para ti
Lisboa e o sol. Lisboa com lágrimas
Lisboa à tua espera ó meu irmão tão breve.
 
Letra: Manuel Alegre
Música e interpretação: Adriano Correia de Oliveira
 
 
Raiz
 
Canto a raiz do espaço na raiz do tempo
E os passos por andar nos passos caminhados.
... Caminho onde caminhas passo a passo.
E braço a braço meço o espaço dos teus braços:
Oitenta e nove mil quilómetros quadrados.

E um país por achar neste país.

 

Letra: Manuel Alegre
Música e interpretação: Adriano Correia de Oliveira
  

 

Lembro-me do sábado em que morreste. Um dia triste, um dia em que quereríamos fechar as bocas dos que davam a notícia. Mas a morte calou a tua voz cristalina que me fez, tantas vezes, chorar. "Pergunto ao vento que passa"...  Estive no teu funeral, em Avintes. A imagem que guardo é dum dia de chuva. Passados 25 anos, já nem sei era chuva se eram lágrimas.

E o que dói, meu amigo, é que nós, os vivos, continuamos a ter "oitenta e nove mil quilómetros quadrados. E um país por achar neste país."

A tua voz e o teu canto continuam, hoje, a ser indispensáveis, porque "há sempre alguém que resiste; há sempre alguém que diz: NÃO!"

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